terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Os versos que te fiz....


Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros~
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

Florbela Espanca

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

pergunta-me qualquer coisa.......




... pergunta-me qualquer coisa

uma tolice

um mistério indecifrável

simplesmente

para que eu saiba

que queres ainda saber

para que mesmo sem te responder

saibas o que te quero dizer


Mia Couto

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Retrato......



Retrato


"Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

tão simples, tão certa, tão fácil:

Em que espelho ficou perdida a minha face?"


Cecilia Meireles

sexta-feira, 2 de julho de 2010



Morre lentamente

Quem não viaja,

Quem não lê,

Quem não ouve música,

Quem não encontra graça em si mesmo


Morre lentamente

Quem destrói seu amor próprio,

Quem não se deixa ajudar.


Morre lentamente

Quem se transforma em escravo do hábito

Repetindo todos os dias os mesmos trajeto,

Quem não muda de marca,

Não se arrisca a vestir uma nova cor ou

Não conversa com quem não conhece.


Morre lentamente

Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos

Olhos e os corações aos tropeços. Morre lentamente

Quem não vira a mesa quando está infeliz

Com o seu trabalho, ou amor,

Quem não arrisca o certo pelo incerto

Para ir atrás de um sonho,

Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje !

Arrisque hoje !

Faça hoje !

Não se deixe morrer lentamente !

Pablo Neruda

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lembranças.........



Lembranças

Quando a noite cai
Soam murmúrios
Solidão inacabada
Corações apertados, saudade que dói.

Lembranças bailam
Dançam nas mentes saudosas
Nada é tristeza, não pode ser...
A alegria embalou nossos sonhos


Jovens fogosos,
Vivemos um tempo que não se acabou
Permanece vivo, nos reencontros
As lembranças nos trazem ao presente

Um tempo passado, na memória não foi esquecido.
É vivo, no embalar das palavras
Revivemos, rimos como crianças

Os saudosos anos verdes hoje nos trazem
Um passado redivivo... que permanece aceso
Na história em que cada um, criou, viveu, sofreu
E ultrapassando seus limites, acima de tudo,
Amou...amei, amaste. Amamos...

Yara Benedita Atala
(yayá-15/04/10)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Livros......Meus......


Pegar um livro e abri-lo guarda a possibilidade do facto estético. O que são as palavras dormindo num livro? O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente. O que é um livro se não o abrimos? Simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lemos acontece algo especial, creio que muda a cada vez.”
* Jorge Luís Borges *
«Busquei a tranquilidade em todos os lugares, mas só a encontrei sentado sozinho num canto com um pequeno livro.»
Thomas Kempis
"Leio e estou liberto, adquiro objectividade. Deixei de ser eu e disperso. E o que leio, em vez de ser um trajo meu que mal vejo e por vezes me pesa, é a grande clareza do mundo externo."
Fernando Pessoa

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei
—Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira"

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não sei.....

Não Sei…

Sabes que não sei
porque desabrocham estas lágrimas de solidão,
sabes que nem nunca pensei sequer
porque amo esta infinidade
feita de desejo e prenhe d’emoção?

Isolo-me das mágoas, do silêncio inédito,
que esconde o mistério dito
e abraça a lenda do meu sofrer,
neste receio maior de te perder.

Não sei sequer do destino frutuoso
nem o meu estado
- talvez de carente amistoso -,
não sei…
da minha alma,
não sei…
do meu passado a sentir…
e não sabendo …
me sinta assim amado!

Paulo Afonso Ramos

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Eric Rohmer 1920/2010


Foi um escritor falhado antes de ser um cineasta excepcional. Aquele que foi ainda um brilhante crítico de cinema deixa uma obra que é um tratado sobre a natureza humana.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Marguerite Yourcenar.......

"Não é possível viver sem nos implicarmos. «O mundo está em chamas», dizem há quase três mil anos os textos budistas, «o fogo da ignorância, o fogo da inveja, o fogo da violência, devoram no.» […] Um mundo em que guerras mais radicalmente destruidoras do que nunca se instalam no meio de uma paz que não é paz, […] de um mundo onde os jornais publicam lado a lado anúncios de restaurantes gastronómicos e reportagens sobre a fome no mundo, onde cada casaco de peles é um passo para a extinção de uma espécie viva, onde a nossa sede de velocidade agrava dia a dia a poluição de um mundo de que dependemos para viver. […] É inútil dizer lhes [aos jovens] que os mais hábeis, ou talvez os mais sábios, conseguem vencer o caos que nos rodeia e até dele extrair parcelas de felicidade e de êxito pessoal, quando aquilo que os faz morrer não é a sua própria angústia, mas a dos outros."

Marguerite Yourcenar ( "O Tempo, esse grande escultor" )

          Anarcaqista    Quanta anarquia guardo  Quanta mudança existe em mim  Hoje, fecho os olhos, na rua, nos transportes, em tudo onde t...