
Três dias em casa
Sem que ninguém se lembre de mim, também não me lembrei de ninguém.
Silencio, livro, e o aconchego da casa
Deixei todos partir, nas suas maneiras de ser
Presentemente e não sei se foi sempre assim, nenhum se encaixa e se coaduna comigo
Talvez, feitio difícil, talvez fora dos padrões da beleza
Mas ainda assim gosto de mim, e acho que Deus também, sinto-o sempre presente e sinto o seu amor
Como se torna bela assim esta existência, mesmo com o medo e receio do processo disciplinar em
curso.
E o despedimento pode acontecer, sei lá eu, mas tenho receio ao fim de 46 anos de trabalho, morrer na
praia. E ficar sem abrigo.
Vou tentar aguentar quase dois anos pela reforma para trazer 1000 euros.
Para algum conforto existencial, é humano Pai
Depois talvez um cão, um gato ou uma nova pessoa para sair e ser amigo.
É o que me resta, com 65 anos não se pode esperar muito, se não a Paz e o Amor por nós próprios.
Deixei todos partir, filhos, família e amigos, resta-me só e pela minha companhia, e tu meu Pai que
trago orgulhosamente ao peito.
E assim sou eu.
